13 de dezembro de 2012

RICHARD SIMONETTI

A CONSTITUIÇÃO DIVINA

"Assim como acontece em relação à língua pátria, há muita gente iletrada, espiritualmente, cursando a universidade da Vida. São pessoas incapazes de distinguir, em profundidade, o certo do errado, a virtude do vício, o bem do mal, confundindo-se e se comprometendo, frequentemente, em erros elementares de julgamento."
"O Senhor é o meu Pastor,
Nada me faltará.
Deitar-me faz em verdes pastos,
Guia-me mansamente
A águas mui tranquilas,
Refrigera minh'alma,
Guia-me nas veredas da justiça
Por amor do seu nome.
Ainda que eu andasse
Pelo vale das sombras da morte,
Não temeria mal algum
Porque Tu estás comigo...
A tua vara e o teu cajado me consolam.
Preparas-me o banquete do amor
Na presença dos meus inimigos,
Unges de perfume a minha cabeça,
O meu cálice transborda de júbilo! ...
Certamente,
A bondade e a misericórdia
Seguirão todos os dias de minha vida
E habitarei na Casa do Senhor
Por longos dias..."
"Jesus! Reconheço que a Tua vontade é sempre o melhor para cada um de nós; mas se me permites algo pedir-te, rogo me auxilies a ser uma benção para os outros."
"Meu filho, infinitas são as bênçãos que devemos agradecer o Criador: a beleza da flor, o verde das matas, o azul do céus, o brilho das estrelas, a majestade do oceano, o sorrido da criança... Em toda a Criação há sinais da Sublime Presença, convidando-nos à confiança e oferecendo-nos conforto e alegria."
O alcoolismo situa-se como um dos mais graves males humanos. É considerado doença grave, quase incurável. Frequentemente, após passar meses em hospital especializado, desintoxicando-se, o viciado, de retorno ao lar, entra no primeiro bar para "um trago apenas", que se faz seguido por muitos outros, sustentando o círculo vicioso de recuperação precária e recaída certa.
Só há uma terapia definitiva para o alcoolismo: a oração. Se o alcoólatra, reconhecendo sua miséria moral e física, dispuser-se a conversar com o Cristo, expondo-lhe suas limitações, fatalmente receberá o apoio espiritual que lhe permitirá vencer o vício.
À medida em que o Espírito evolui, seu labor, que em princípio atende exclusivamente às próprias necessidades, orienta-se no sentido de contribuir para a harmonia universal, transformando-o, progressivamente, em instrumento legítimo da vontade do Senhor, co-partícipe na obra da Criação, como o filho adulto que, consciente e esclarecido. conhece suas responsabilidades, dispondo-se a colaborar com o pai.
O Universo, segundo está definido pela Ciência, tem no mínimo quinze bilhões de anos; a Terra, perto de quatro bilhões e meio. São eternidades diante dos acanhados quatro ou cinco mil anos que nos fazem supor os textos bíblicos para o início de tudo.
Eric Fromm, famoso psicanalista alemão, escreve que o pecado original simboliza a conquista da razão. A partir do momento em que algumas espécies animais, parentes dos símios antropóides, começaram a ensaiar o raciocínio, saíram da Natureza isto é, deixaram de ser conduzidas e se viram na contingência da caminhar com seus próprios pés. Surgia, assim, o Homem, o ser pensante, que perdia o paraíso ou, mais exatamente, a plena identificação com a vida natural.

... Será lícito ao homem controlar a própria reprodução?
Ora, se ele pode fazê-lo  em  relação aos seres inferiores,  colaborando  com  o  Criador, obviamente pode  desfrutar  de  idêntica prerrogativa  em  relação  a  si  mesmo.  A paternidade é um compromisso intransferível e quanto mais consciente estiverem o homem e a mulher dos cuidados que devem dispensar aos filhos, mais amplo seu direito de planejar a família.
Só não vivemos num paraíso terrestre porque ainda há no homem atual uma característica que o aproxima dos habitantes das cavernas: a tendência de resolver seus problemas com o exercício da força. Isso ocorre tanto no plano coletivo como individual.
As pessoas convivem pacificamente até que sejam contrariadas. Então perdem o controle, favorecendo um curto-circuito mental que as faz descer ao nível dos irracionais. E sucedem-se gritos, ofensas, palavrões, sopapos ...
Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", no capítulo "Não se pode servir a Deus e a Mamon", Allan Kardec comenta que o empenho em favor da solução de problemas materiais, com o propósito de melhorar as condições de vida, desenvolve a inteligência do Homem e "essa inteligência que ele concentra, primeiro, na satisfação das necessidade materiais, o ajudará mais tarde a compreender as grandes verdades morais".
Somos todos convocados a "tomar o bonde da História" que, segundo os desígnios do Criador, nos conduzirá a soluções definitivas para os problemas de convivência, tanto no plano coletivo como individual, em bases de legítima e inteligente fraternidade.
... o Espiritismo não pode ser encarado como "remédio". É muito mais uma "receita" de equilíbrio, que jamais entenderemos em toda sua abençoada extensão, enquanto não nos dispusermos ao estudo diligente de seus princípios , habilitando-nos a disciplinar nossos impulsos com o exercício da razão.
Há o sexomaníaco,que enxerga nos representantes de boa aparência do sexo oposto, parceiros em potencial para "programas", pretendendo desvincular a atividade sexual de seus elementos básicos de equilíbrio, que se exprimem no respeito, no comedimento e, sobretudo, na afetividade. Com semelhante comportamento desajustam os centros genésicos, candidatando-se a graves enfermidades físicas e psíquicas.
Há os que procuram o prazer no lugar errado: os viciados no fumo, que tranquiliza; no álcool, que oferece alguma euforia; no tóxico, que faz o céu artificial. Tais benefícios, entretanto, são insignificantes diante dos males que lhes advêm e a respeito dos quais são pródigas as informações médicas. São tantos, tão graves e de consequências tão adversas que é espantoso existirem tantos viciados em nosso mundo.
... nascimento e morte são apenas duas faces de uma mesma moeda - a Vida.
... os seres vivos, vegetais e animais, que nascem, crescem, reproduzem-se e morrem, mas são eternos em essência espiritual que se aprimora incessantemente, a caminho da racionalidade que os promoverá a Espíritos, com uma nova meta pela frente: a angelitude.
Para os Espíritos que compõem a Humanidade, esse dualismo, marcado por múltiplos mergulhos na carne, se faz imperioso, porquanto representa, sobretudo, um agitar de consciência, em renovadas oportunidades de despertamento para as realidades do Universo.
Constrangemo-nos com a morte do familiar, como se o tivéssemos perdido, chama que se apagou, vida que se extinguiu, sem perceber que ela apenas partiu para uma dimensão diferente, onde o reencontraremos um dia, quando, por nossa vez, efetuarmos a grande transição.
As imposições da Lei de Destruição tendem a amenizar-se na proporção em que o Espírito evolui, integrando-se nos propósitos do Criador, o que lhe proporcionará a possibilidade de permanecer mais tempo na Espiritualidade.
E um dia, não sabemos quando, dentro de alguns milhões de anos talvez, ou em tempo menos longo, dependendo de nosso empenho, seremos anjos. Então não precisaremos mais renascer e remorrer para aprendermos a viver como filhos de Deus.
..., porquanto o suicídio, enganosa ilusão de que se pode extinguir a vida, apenas os precipita do outro lado dela, em precárias condições, como as de um homem com fraturas generalizadas após saltar de um trem em movimento.
E se o desastrado passageiro vai enfrentar meses de hospitalização, imobilização no leito, em sofrida e lenta recuperação, o suicida estagiará por tempo bem mais amplo em regiões purgatoriais, engessado em padecimentos que, segundo informam Espíritos que passaram por semelhante experiência, não encontram similar na Terra, nem mesmo nos piores dramas morais, nem nas mais terríveis privações, nem nas dores mais lancinantes, nem nas mais angustiantes moléstias...
Nascimento e morte não obedecem a circunstâncias fortuitas. Fazem parte do planejamento divino, no âmbito das experiências necessárias à nossa evolução.
... o suicídio, enganosa ilusão de que pode extinguir a vida, apenas os precipita do outro lado dela, em precárias condições, como as de um homem com fraturas generalizadas após saltar de um trem em movimento.
... o suicida estagiará por tempo bem mais amplo em regiões purgatoriais...
Depois virão as reencarnações retificadoras, em que os desajustes perispirituais desencadeados pela auto-agressão no intento da morte, refletir-se-ão na carne, originando limitações e disfunções congênitas, a atuarem como drenagem necessária ao reequilíbrio do perispírito.
Somados, esses estágios retificadores que se desdobrarão na Terra e no Além, podem significar um ou dois séculos de penosas experiências, que lhes reservarão como lição maior a noção de que não se deve atentar contra a própria existência, assim como o viajante acidentado terá largo tempo no hospital para refletir quanto à conveniência de esperar pela estação ferroviária para o desembarque. Lições muito caras, como se vê, e desnecessárias, com lamentável perda de tempo.
Suicidas em potencial merecem da Espiritualidade um cuidado especial, no sentido de ajudá-los a enfrentar seus problemas e superar a tentação do desembarque precipitado. Sugerem-lhes opções melhores pelos condutos do pensamento ou conversando com eles durante as horas de sono.
Cada suicida que deixa a Terra, frustrando esforços da Espiritualidade Maior, é alguém que complica o futuro por fugir do presente, mas, é também, um atestado eloquente da indiferença que caracteriza o homem comum, de sensibilidade atrofiada para os apelos do Bem, incapaz de perceber a angústia de seu irmão.
Entre os irracionais, espécies alimentam-se de outras espécies, num encadeamento programado para evitar que uma delas cresça demasiado em população, comprometendo o equilíbrio ecológico.
Ocorre que o ser humano, inteligência primária, rico de conhecimentos e pobre de sabedoria, inchado de ciência e murcho de amor, sobrepõe seus interesses egoísticos às leis da Natureza, procedendo à destruição muito além do razoável, aliando devastação à crueldade.
Os habitantes de mundos mais evoluídos sabem que é preciso respeitar os seres inferiores e evitam sacrificá-los até mesmo para atender suas necessidades de alimentação, utilizando-se de recursos alternativos.
"Para o homem verdadeiramente ético toda vida é sagrada, mesmo aquela que, sob o ponto de vista humano, nos parece inferior. Ele só fará distinções de caso para caso e sob a pressão da necessidade, por exemplo quando a situação o forçar a decidir qual a vida a ser sacrificada para conservar uma outra." Albert Schweitzer