19 de dezembro de 2012

MARIA DE NAZARÉ - MÃE DE JESUS


Obra: O Sublime Peregrino, de Ramatís

Maria e sua Missão na Terra

Maria contava com 15 anos de idade quando seus pais faleceram, com alguns meses de diferença entre si. Foi então acolhida por Simão e Eleazar, parentes de seu pai, que a encaminharam para o grupo das Virgens de Sião, no templo de Jerusalém. Ali permaneceu cerca de dois anos, onde se dedicava a trabalhos tais como a confecção de túnicas de seda para as moças, mantos para os sacerdotes, ornamento e enxovais para as cerimônias religiosas; tocava cítara e cantava os salmos de David.
Era uma jovem de raríssima sensibilidade psíquica na época.
Espírito dócil, passivo, todo ternura e benevolência, fortalecera a sua juventude no ambiente monástico do templo, no qual ainda mais se aprimorou o seu alto dom mediúnico. Desde menina tinha visões espirituais, reconhecendo velhos parentes desencarnados e depois os seus próprios pais, que lhe apareciam de um modo surpreendentemente humilde.

Maria desconhecia sua real condição angélica, e constantemente identificava uma belíssima criatura, a quem chamava o seu "anjo de guarda", porque se assemelhava fisionomicamente às velhas oleografias dos anjos da tradição hebraica. Não conseguia explicar satisfatoriamente aos circunstantes os fenômenos incomuns que se davam consigo, mas afirmava que via seu anjo de guarda, em sonhos e, às vezes em estado de vigília, o qual sempre lhe seguia os passos e lhe dava conselhos dignos e certos. Por isso, quando José, o modesto carpinteiro, pediu-a para esposa, mau grado a diferença de idade e o seu estado de viuvez, aceitou imediatamente o convite, porque isso já a conselhara o seu anjo tutelar.
É óbvio que se tratava de visões reais, que a fenomenologia espírita pode explicar hoje com facilidade, ante as vidências e materializações tão comuns em vossos dias.
Depois de casada, achava-se a jovem, certa vez, em profundo recolhimento e sob doce enlevo da prece, quando o seu mentor espiritual surgiu de súbito, prevenindo-a da grande responsabilidade que lhe adviria com o primeiro filho, pois Jehovah a havia escolhido para ser mãe daquele que seria o esperado Messias, Salvador do Mundo. O iluminado Espírito assegurou-lhe grandes júbilos com o destino glorioso do seu filho, mas também pedia-lhe ânimo e estoicismo para quando ele fosse chamado ao sacrifício de redimir os pecados do mundo. Atraindo o espírito de Maria para o plano imponderável, num estado de semi-consciência, seu elevado guia apontou-lhe a majestosa Entidade que seria o meigo Jesus, na figura do seu futuro filho carnal. Maria vibrou de alegria ao verificar que se tratava de um formoso anjo ao qual sua alma já estava ligada através de milênios incontáveis!
Nesse contato espiritual, reavivaram-se as recordações do pretérito e o panorama edênico do seu verdadeiro "habitat". Quando José a encontrou, depois, envolta ainda num delicioso êxtase de Paz e de Amor, ela narrou ao marido o impressionante quadro de tão alta emoção espiritual.


A estrutura espiritual da alma de Maria não podia deixá-la vacilar quanto à possibilidade d vir a ser mãe de alta entidade celestial; era uma predição compatível com a sua própria psicologia angélica. Essa dúvida só seria admissível em uma mulher comum, presa ao drama do mundo físico ou escrava dos instintos inferiores, em que a desconfiança, o espanto e a perturbação poderiam se justificar, ante a diferença de linhagem espiritual do filho que seria Jesus. Na realidade, Maria era espírito que se situava sem dificuldades na mesma faixa vibratória do Messias. Intimamente, estava certa de que iria gerar o corpo de sublime anjo mas, na consciência física, não tinha capacidade intelectual para compreender como poderia ele ser o Salvador do Mundo.

Os velhos profetas procuraram deixar aos pósteros algumas indicações para que no futuro pudessem reconhecer o Messias; mas a insuficiência humana não permitiu que se entendessem tão prematuramente as alusões feitas ao nascimento do Messias através das deficientes traduções dos livros sagrados, por cujo motivo resultou obscurecido o sentido exato de certas alegorias.
Através da Bíblia, a posteridade ficou sabendo que o Messias teria de nascer de uma virgem e ser concebido por obra e graça do espírito santo, mas interveio na profecia a interpretação pessoal, que trouxe confusão ao profetizado. Jesus, como primeiro filho que se gerou em Maria, nasceu realmente de uma virgem, pois virgem era sua jovem genitora, quando retirada do templo de Jerusalém para a primeira nupcia.  Cumprira-se a profecia e se identificara o principal sinal, que seria o nascimento de uma criança filha de uma virgem, ou seja o primeiro filho nascido da primeira concepção conjugal.
                                                  
Maria, na realidade, era um espírito "santo", ou seja um anjo descido dos céus na forma de mulher, para servir de matriz carnal e santificada pelo espírito, isenta de provas redentoras e em missão junto ao sublime Jesus. No seu corpo virginal e, por obra do seu espírito "santo", gerou-se o corpo de Jesus. Maria não era uma mulher dominada pelas paixões humanas, mas um ser angélico, delicado, formosos e santo em espírito! Deveis atender sempre ao espírito da palavra e não a palavra do espírito!
A velha lenda dos nascimentos sagrados e miraculosos, onde sobejam as mães virgens e os espíritos santos, que cerca a figura de Hermés, de Orfeu, Zoroastro, de Crisna e de Buda, também foi adaptada literalmente à pessoa de Jesus, na ingênua pressuposição de se valorizar o nascimento do Mestre. E a confusão aumentou ainda por culpa dos escritores futuros, ante a equívoca interpretação do simbolismo da Trindade Cósmica, em que eles transformaram os três princípios tradicionalíssimos da velha escolástica oriental na trindade dogmática Pai, Filho e Espírito Santo. Na verdade, o Pai é o Poder Criador; o Filho, a Sabedoria dirigente da morfologia dos mundos, e o Espírito Santo o princípio do Amor Universal, expressões estas que o Oriente consagrou como sendo Brahma, Vishnu e Shiva. O Poder Criador manifesta-se pela Sabedoria, e o Amor concebe na substância virgem do Cosmo e gera a formação dos mundos, compondo os Orbes dos seus sistemas. Esse inconcebível processo cósmico e fora de qualquer cogitação, a fantasia humana situou fundamentalmente nas mãos dos avatares, assim como em Maria, a "Virgem".
A supremacia de Jesus sobre o homem não consistiria na sua espécie de nascimento mas, acima de tudo, no seu ingresso na carne até à sua final superação em espírito , como fez do berço ao Calvário. 
No vosso mundo existem, ainda hoje, famílias rurais, de povos que se consagram à pureza e à higiene da raça, livres das desintegrações luéticas ou dos genes esquizofrênicos, distantes também dos desregramentos comuns e libertos das terapêuticas corrosivas modernas, e que também poderiam fornecer um corpo físico a Jesus, sem  qualquer desmerecimento para ele. Se o pensamento de Deus, em maravilhoso quimismo, transforma monturos de esterco em rosas e cravos perfumados, porque não saberia a excelsitude de Jesus extrair do corpo de carne motivos de glória e admiração para a posteridade?
O famoso e tradicional dogma da "Imaculada Conceição de Maria", promulgado pelo Papa Pio IX, não foi aceito com satisfação por todos os sacerdotes católicos; enquanto os franciscanos o aceitavam incondicionalmente, os velhos dominicanos optavam pela crença em um Jesus físico e isento das relações incongruentes entre sua mãe e o Espírito Santo.
Quando os evangelistas se referem a Jesus, em seus evangelhos, deixam patenteada a sua condição de filho de Maria e José, como m fato concreto, compreensível, sensível na época, com isenção de alusões a "obra do Espírito Santo".
O evangelista Marcos é claro, quando diz (III-32): "Olha que tua mãe e teus irmãos te buscam aí fora." O evangelista João o confirma, dizendo (II-12): "Depois disto, vieram para Cafarnaum ele e sua mãe e seus irmãos e seus discípulos." O evangelista Mateus, apesar de lhe haverem atribuído a informação de que Jesus era produto do Espírito Santo, deixa entrever a exata filiação de Jesus, quando diz em seu evangelhos(XII-55): "Porventura não é este o filho do oficial (o carpinteiro), não se chama sua mãe Maria e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?" E acrescenta, no versículo 56: "E suas irmãs, não vivem elas entre nós?".
Notai que os evangelistas, nas sua vozes iniciáticas, sempre confirmam que Jesus era filho de José, o carpinteiro, e irmão de Tiago, José, Simão e Judas!
É a crendice nas lendas tradicionais que atua nos seres humanos e os impele a suporem acontecimentos miraculosos em torno do nascimento daqueles que se destacam espiritualmente em vosso mundo. À medida que se distancia a época da ação desses seres excepcionais, a posteridade perder-lhes a base lógica da origem comum e então os enaltece sob uma auréola de fantasia e misterioso divinismo. Os historiadores terrícolas chegam até a glorificar os aventureiros cruéis, os cangaceiros, os conquistadores e comandantes inescrupulosos; justificam-lhes as vidas indignas e perversas, redimindo-os na literatura sentimentalista ou nos melodramas lacrimosos e compungidos do rádio, do cinema ou do teatro. Imaginai que não farão os discípulos ou historiadores, quando resolvem biografar os seus ídolos! Em toda a história sagrada, do vosso orbe, a maioria dos legisladores religiosos sempre nasceu de virgens e por obra de forças extraterrenas e misterioso esponsalício estranho ao mecanismo natural do sexo e da gestação. Os livros sagrados dos Assírios, do Tibet, dos Indus, dos Persas, dos Caldeus, dos Chineses e dos Árabes assinalam nascimentos provindos de virgens. A tradição Mazdeana conta que um raio de glória divina penetrou na mãe de Zoroastro, o notável legislador persa. Crisna nasce de uma virgem, e também Lao-Tse; a mães de Buda teve um sonho em que o elefante (símbolo do espírito puro) entrou em seu seio e ela concebeu o Salvador da Ásia; Salivahana, da tradição indu, também foi concedido por uma virgem, que o recebeu no seu seio como a encarnação divina. O próprio Gengis-Khan, turbulento invasor da China, foi também concebido de um raio solar descido sobre uma virgem eleita pelo Senhor dos Mundos!
Reproduzindo aspectos do delicado fenômeno da gestação, durante o qual muitas gestantes sofrem a influência de determinadas impressões ligadas aos seus futuros filhos, Maria passou a viver imersa num mar de sonhos, de lembranças gloriosas e de emoções celestiais, que provinham tanto do espírito de Jesus operando em suas entranhas, como da plêiade de anjos que o seguiam na descida vibratória. Ela tinha a mente povoada de belezas edênicas e entrevia os cenários familiares que aguardavam a sua liberdade futura. A influência magnânima do Messias tornava Maria a mais santa das mulheres em contato com o mundo! Não se podia compreender o excessivo carinho do seu coração e o intraduzível amor que a cercava, desde os seres mais odiosos até os insetos, batráquios e víboras perigosas! Umas vezes, quedava-se comovida diante da flor que pendia da haste; outras vezes, a ave que sulcava o céu límpido e ensolarado arrancava-lhe saudosas lágrimas e um desejo ardente de libertação da carne, que então lhe parecia prisão inexpugnável